sábado, 26 de fevereiro de 2011

O PRAGMATISMO

O pragmatismo aborda o conceito de que o sentido de tudo está na utilidade - ou efeito prático - que qualquer acto, objecto ou proposição possa ser capaz de gerar. Uma pessoa pragmática vive pela lógica de que as ideias e actos de qualquer pessoa somente são verdadeiros se servem à solução imediata de seus problemas. Nesse caso, define-se como verdade o conjunto de todas suas consequências práticas relativas a determinado contexto. Por exemplo: Uma religião é somente boa quando a sua consequência seja indivíduos mais generosos, pacíficos e felizes. O que torna verdade que ela é boa são as suas consequências. E a filosofia deve estudar o que a faz gerar essas consequências e como usá-las para tornar a sociedade um lugar melhor.
A verdade relativa, tomada por base no que se está vivendo ou necessitando no momento, resume o que seja pragmatismo, que vem originalmente contra o pluralismo que se constitui da adopção dos princípios absolutos, sendo este um conceito no qual a verdade tende a seguir os moldes mais justos, onde neste caso, se tenta chegar a um consenso do que seria certo ou errado em determinadas situações onde há diferenças de pensamentos e atitudes em relação a solucionar-se um mesmo assunto; já que a verdade é individual e o que possa ser de interesse a alguém, pode passar a ser destrutivo ou prejudicial a outrem, que por ventura venha a ser atingido por aquela decisão unilateral tomada por um pragmático.
O pragmatismo refuta a perspectiva de que o intelecto e os conceitos humanos podem, só por si, representar adequadamente a realidade. Dessa forma, opõe-se tanto às correntes formalistas como às correntes racionalistas da filosofia. Antes, defende que as teorias e o conhecimento só adquirem significado através da luta de organismos inteligentes, com o seu meio. Não defende, no entanto, que seja verdade meramente aquilo que é prático ou útil ou o que nos ajude a sobreviver a curto prazo. Os pragmáticos argumentam que se deve considerar como verdadeiro aquilo que mais contribui para o bem -estar da humanidade em geral, tomando como referência o mais longo prazo possível.

"Praecipua pars felicitatis sit, ut quod sis, esse velis." [Erasmo, Moriae Encomium 22] A parte mais importante da felicidade é desejar ser como se é.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Prejuízos da RTP em 14 milhões de euros

Empresa não dá prémios a gestores, mas vai distribuir por trabalhadores

A RTP atingiu um resultado líquido negativo de 13,8 milhões de euros em 2009. As contas da estação pública continuam a ser afectadas pelo endividamento, que excede os 800 milhões de euros.
Já em termos operacionais, os lucros chegaram aos 13 milhões de euros.
«O resultado líquido não tem significado para a RTP enquanto os capitais próprios forem negativos», explicou o presidente da empresa, Guilherme Costa. Pergunto eu, na minha ignorância, até quando, é possível, uma empresa, ter os seus capitais próprios negativos?Penso, salvo melhor opinião, que estamos a falar da desconsideração da personalidade jurídica. Mas, a lei não é igual para todos. Estamos a falar de empresas públicas com determinada projecção. Os custos da empresa também subiram para 295 milhões. A justificar esta subida está um maior investimento na grelha e o programa de rescisões que a RTP abriu em 2009.
Será o investimento no futebol? Ou no "preço certo"? Tenham dó…é para isto que ando a descontar, do meu salário? É que já estou um bocado aborrecido com isto. Para 2010, o orçamento apresentado pela RTP estabeleceu uma meta mais modesta: lucros operacionais de 9 milhões de euros, num ano que «continuará» a apresentar «dificuldades». Os objectivos da estação pública vão no sentido de «conter os custos de estrutura». Guilherme Costa frisou, no entanto, que «não é reduzir custos, é conter». Resta saber, visto que estão quase a aparecer os resultados de 2010, se depois de os custos terem aumentado 295 milhões, se é para conter. Conter antes do aumento dos 295 milhões ou com estes incluídos? E quem paga esta treta? Não é o Zé. É a maralha que pôs o Zé no poder mais aos seus amigos.
Gestores não recebem prémio, mas trabalhadores sim

Conforme está previsto pelo Governo, este ano a RTP não dá aumentos nem prémios aos gestores, mas os trabalhadores podem contar com uma remuneração extra. Quanto à hipótese de uma futura privatização da empresa, a administração escusou-se a comentar decisões políticas. Estão no seu direito. Mas também poderiam dizer que como administração não estão contentes de gerir uma casa falida. A não ser que sejam administradores de “massa falida”. Isso, já outra coisa. Mas nesse caso, por favor, não dêem prémios aos trabalhadores, porque eu estou à rasca de massas.
Não obstante estes números, aqui apresentados, pagos por todos os contribuintes, verificamos, hoje, no CM, que os vencimentos de alguns “funcionários”, medem meças aos salários de muitos gestores públicos. Salários que entre o base e os subsídios, rondam os 14 mil euros mês. Será que vale a pena assumir-se responsabilidades civis e criminais, como político ou como gestor de algumas empresas públicas? É que depois a demagogia, tenta meter tudo dentro do mesmo saco, porque, até dá jeito. No final, ainda se fala em dar prémios aos trabalhadores. Já os trabalhadores de outras empresas públicas, cujos resultados são positivos e que nada devem, porque se bastam a si próprios, com as suas receitas, ficam a ver navios.
Até quando é que estas e outras empresas vão continuar a custar tanto dinheiro ao erário público? É óbvio que esta pergunta não tem resposta, nesta alternância de poder instituída, por uma pseudo democracia representativa, em que os que militam nos partidos, na sua maioria, vivem à custa deste sistema. Disse!
« Omnis enim lex est praeceptum, sed non omne praeceptum est lex. » Toda a lei é uma ordem, mas nem toda a ordem é lei.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

QUE INTELIGENTES QUE NÓS SOMOS!

Entrámos para a CEE todos eufóricos, e ala de gastar dinheiro, à fartazana. Eles foram, auto-estradas, caminhos, pontes, escolas provisórias, etc. O dinheiro entrava nos bancos, saia para as empresas de construção civil, voltava aos bancos que foram aplicando o mesmo a seu belo prazer.
Entretanto, o dinheiro deixou de ser o mesmo. As coisas começaram a apertar. Entretanto, já bem dentro da Europa, houve um conjunto de “iluminados” que descobriram a pólvora para fazer crescer a sua economia…fundamentalmente os franceses e os alemães. Para quê? Na expectativa de que vendiam tecnologia de ponta aos chineses. Claro que foram vendendo, enquanto estes não começaram a copiar e a replicar, ao mais baixo preço. Vendiam-se umas centrais nucleares, uns automóveis, umas máquinas de precisão e importávamos flores de plástico.
Mas não. A situação, hoje, não é essa. Compra-se tudo a metade do preço, quando não é menos. Navios e navios de produtos chineses chegam à Europa que não necessitava de taxas aduaneiras. A utopia para alguns de um mercado livre. Isso é que é bestial.
Só vos chamo a atenção para um produto, aliás, de grande venda durante o inverno. Botas de senhora. Se alguma senhora comprar umas botas de cano alto, fabricadas em Portugal, terá de pagar pelas mesmas mais de 200 euros. E se forem Italianas, talvez 400 euros não cheguem.
Em contrapartida, os chineses colocam à venda, botas por menos de 20 euros. Com 20 euros, podem-se comprar 13 pares de botas. Um par de botas por mês novo e ainda fica um par para o subsidio de natal.
Graças a quem? Aos iluminados que falavam do mercado livre. Uma Europa aberta. Bom está tão aberta, que no caso de Portugal, a contrapartida disto tudo, e dos milhões de euros que entraram, foi o acabar da agricultura e das pescas e, por outro lado, deixar sair de Portugal, todas as indústrias transformadoras que davam milhares e milhares de empregos, a um povo, que de 35% de analfabetos, decorridos 36 anos de democracia, continua a registar um novo analfabetismo, a iliteracia. Será que esta gente, que perdeu os seus empregos, vai trabalhar para as novas tecnologias? Vão servir cafés? Tenham dó!
Tudo isto, porque se abriu as portas ao livre comércio, como se fosse possível, na Europa, competirmos com factores de produção tão desiguais. Competir com países que não têm a protecção social que têm os europeus. Que não têm uma regulação de um código de trabalho como têm os europeus.
Todos nós só vamos ter consciência desta situação, quando as prestações sociais, concretamente as reformas, baixarem mais de 50% daquilo que ainda são hoje. O total das prestações sociais, em 2009, foi de 29.577.376.800,00 de euros.
Ou seja…a uma taxa aduaneira média de 15%, só se conseguiria cobrir, cerca de metade do total das prestações sociais. Diga-se de passagem que não era muito, porque as botas das senhoras só passariam a custar mais 3 euros, aproximadamente. Quem dá 20 euros, também dá 23. Talvez deste modo, a carga fiscal, hoje, existente, pudesse baixar com algum significado.
Mas, depois de os chineses andarem a comprar divida pública nos países europeus e na América, continuando a ter um crescimento anual do P.I.B., ao ritmo de 11% ao ano, quem é que lhes vai dizer que têm de começar a vender produtos e a pagar taxa? E depois os alemães, iriam gostar? Deixavam de vender carros VW aos milhões, podendo dar, aos seus funcionários aumentos salariais de 4,2%, quando em Portugal se reduzem os vencimentos. Que raio de Europa é esta? E continuamos a assistir ao crescimento do P.I.B. alemão, em valores de 3,6%,o que significa que continuam a criar emprego. E nós? Mandamos os portugueses para o desemprego.
Os alemães pagam uma pensão média aos seus reformados de cerca de 3.500 euros/mês. Na segurança social portuguesa, qual é o valor? E se for no Estado, isto é CGA? Na segurança social é de pouco mais de 350 euros/mês e na CGA é de cerca de 1.400 euros.
E andamos todos contentes, quando o Zé faz a publicidade que a economia portuguesa cresceu 1,4%.
Não há dúvida… só um povo, como o português, é capaz de aturar estas coisas. Bonacheirões e indulgentes uns para com os outros, de tal forma, que somos incapazes de nos disciplinarmos e de exigirmos ordem neste caos, em que mergulhou Portugal.
E assim vamos continuar…até um dia!
“Mites possident terram.” [Pereira 98] Os mansos possuem a terra. ■Bezerrinha mansa todas as vacas mama.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

FELISBERTA TRABALHOU E CONSEGUIU

A Felisberta era uma rapariga franzina, já com 32 anos de idade, que trabalhava, como moça de recados, numa grande empresa produtora de produtos de consumo. Concretamente, produtos de limpeza. Tirava fotocópias, fazia uns recados e distribuía cafés, no escritório.
Ninguém acreditava nela. E de facto, bastava o nome de Felisberta, para afastar os mais crédulos sobre as capacidades da mesma.
A empresa era uma multinacional de grande prestígio. Os produtos que comercializavam eram, de facto, de qualidade. A maioria dos seus utilizadores preferia os mesmos, aos produtos brancos, normalmente existentes nos supermercados.
A empresa utilizava as mais avançadas técnicas de marketing e vendas. Foi exactamente, num dos cursos de formação que a empresa realizava, cujo título era “The Best”, que Felisberta se mostrou interessada em frequentar. Chegou a falar com o formador, para que a deixasse realizar o curso, não se importando, inclusive, de pagar a frequência do mesmo. Ela estava determinada, a demonstrar a todos os outros, que tinha qualidades e que era capaz de fazer o mesmo ou melhor. Isto é, que seria capaz de vir a ser uma das grandes vendedoras da empresa.
Não a levaram a sério. Só tinha o 12.º ano e por outro lado, nunca tinha feito algo mais do que ser a “paquete” da empresa. Isso a deixou frustrada. Mas não desistiu. Insistiu em fazer o curso, até porque o mesmo era em horário pós-laboral, o que nada prejudicava o seu trabalho normal na empresa.
Acabaram por aceder que Felisberta frequentasse o curso. Ficou radiante pela oportunidade. Por outro lado, estava interessada no programa do curso. Tinha ouvido dizer que era muito motivante, porque iria aprender a contrariar as objecções que tanta utilidade tinha nas vendas como na vida do dia – a - dia.
Iniciou o curso, sentindo algumas dificuldades, mas o próprio formador a incentivou a continuar. Estava de facto admirado com a determinação que Felisberta tinha colocado para realizar o curso. E realizou com êxito. Outras formações se sucederam. A partir daquela primeira experiência era normal verem a Felisberta interessada em ler manuais e livros que abordavam o assunto.
Até que um dia foi convidada, sem compromisso por parte da empresa, a experimentar as vendas. Foi um sucesso. Logo, no primeiro ano, foi a segunda melhor vendedora da empresa. No ano seguinte, já com a confiança de ser capaz, foi lançado um novo produto, este vocacionado para a limpeza de soalhos, em que Felisberta conseguiu demonstrar o que era uma vendedora de excelência, arrebatando o primeiro lugar, tendo ganho uma viagem grátis à Madeira, de uma semana, instalada num dos melhores hotéis, com tudo pago.
Foi uma alegria. Um “Product Manager” da empresa, um jovem licenciado em gestão de empresas, era o seu namorado. Aproveitaram os dois, essa semana de sonho que Felisberta tinha conseguido, com mérito. Tinha sido a melhor vendedora daquele produto, logo no primeiro ano do seu lançamento.
De tal modo foi o sucesso, de Felisberta, que a sua ascensão na empresa, nunca mais parou. Foi convidada a ser formadora. Passou a deslocar-se, inclusive, ao estrangeiro, aos países onde a empresa tinha actividade, dando formação técnica, mas também, relatando a sua própria experiência de sucesso.
Hoje, Felisberta é uma mulher realizada. Consegue compatibilizar a sua vida profissional, com a sua vida pessoal.
Face à necessidade de um novo director técnico para a área de formação de vendas e marketing, Felisberta, foi convidada pela administração, a ser a próxima directora, chefiando um departamento com mais de 14 pessoas.
Diz Felisberta:
“ Estou a ser bem paga e, acima de tudo, a maior recompensa é a enorme satisfação que sinto com a minha carreira e os meus projectos pessoais”. Este esforço deu-me outro sabor à vida. Sou feliz!”

« Fallax gratia, et vana est pulchritudo. » [Vulgata, Provérbios 31.30] A graça é enganadora, e a formosura é vã.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

OS PARVOS SOMOS NÓS

Vai-se falando que os jovens, de agora, coitados, se fartam de queimar os neurónios, com passagens de ano sem exames e com faltas, indiscriminadas, às aulas. Vão andando pelas universidades e politécnicos fazendo cursos da treta, mas que são suportados por todos nós, paizinhos e mãezinhas, com os nossos impostos ou as prestações da universidade privada. A denominada geração dos parvos
Mas, os parvos somos nós que vamos pagando com os nossos impostos, estes cursinhos, e que ainda os escravizamos, tendo-os em casa. Pagamos a comidinha, a cama, a roupa lavada, o popó, a gasolina, o seguro do popó, as saídas à noite e as férias, bem merecidas, depois de todo este esforço, feito por eles.
Com tudo isto, vão-se queixando dos privilégios conquistados pelos mais velhos, aqueles que pagam tudo isto. Aqueles que recebem, ao fim de 40 anos de uma vida de trabalho, pensões de miséria e ao que parece,de acordo com as últimas e escandalosas noticias, morrem sozinhos…sem parvos à volta.
« Amor et melle et felle est fecundissimus. » [Plauto, Cistellaria 66] O amor é muito fecundo tanto de mel como de fel.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

ÉTICA; MODO DE SER, CARÁCTER, COMPORTAMENTO

Ética significa modo de ser, carácter, comportamento. A filosofia procura estudar e indicar o melhor modo de viver no quotidiano e na sociedade. Diferencia-se da moral, pois enquanto esta se fundamenta na obediência a normas, tabus, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos recebidos, a ética, ao contrário, busca fundamentar o bom modo de viver pelo pensamento humano.
Na filosofia clássica, a ética não se resumia ao estudo da moral (entendida como "costume"), mas a todo o campo do conhecimento que não era abrangido na física, metafísica, estética, na lógica e nem na retórica. Assim, a ética abrangia os campos que actualmente são denominados antropologia, psicologia, sociologia, economia, pedagogia, educação física, dietética e até mesmo política, em suma, campos directa ou indirectamente ligados a maneiras de viver.
Porém, com a crescente profissionalização e especialização do conhecimento que se seguiu à revolução industrial, a maioria dos campos que eram objecto de estudo da filosofia, particularmente da ética, foram estabelecidos como disciplinas científicas independentes. Assim, é comum que actualmente a ética seja definida como "a área da filosofia que se ocupa do estudo das normas morais nas sociedades humanas", e procura explicar e justificar os costumes de um determinado agrupamento humano, bem como fornecer subsídios para a solução de seus dilemas mais comuns. Neste sentido, ética pode ser definida como a ciência que estuda a conduta humana e a moral é a qualidade desta conduta, quando julgada do ponto de vista do Bem e do Mal.
A ética também não deve ser confundida com a lei, embora com certa frequência a lei tenha como base princípios éticos. Ao contrário do que ocorre com a lei, nenhum indivíduo pode ser compelido, pelo Estado ou por outros indivíduos, a cumprir as normas éticas, nem sofrer qualquer sanção pela desobediência a estas; por outro lado, a lei pode ser omissa quanto a questões abrangidas no escopo da ética.
Hoje em dia, a maioria das profissões têm o seu próprio código de ética profissional, que é um conjunto de normas de cumprimento obrigatório, derivadas da ética, e que por ser um código escrito e frequentemente incorporados à lei pública não deveria chamar –se de "código de ética" e sim "Legislação da Profissão". Nesses casos, os princípios éticos passam a ter força de lei; note-se que, mesmo nos casos em que esses códigos não estão incorporados à lei, o seu estudo tem alta probabilidade de exercer influência, por exemplo, em julgamentos nos quais se discutam factos relativos à conduta profissional. Ademais, o seu não cumprimento pode resultar em sanções executadas pela sociedade profissional, como censura pública e suspensão temporária ou definitiva do direito de exercer a profissão, situações, essas, algumas vezes revertidas pela justiça comum, principalmente quando os "códigos de ética" de certas profissões apresentam viés que contraria a lei ordinária. Mas de nada vale, sancionar aqueles que se arvoram de possuírem habilitações académicas e profissionais que não existem…logo, não se encontram abrangidos pelos “códigos de ética” profissionais, mas, sim, pelo código penal. Quando prestam falsas declarações e exerçam funções para a qual não possuem título, oficialmente obtido, para o exercício dessas mesmas funções.
O homem vive em sociedade, convive com outros homens e, portanto, cabe-lhe pensar e responder à seguinte pergunta: “Como devo agir perante os outros?”. Trata-se de uma pergunta fácil de ser formulada, mas difícil de ser respondida. Ora, esta é a questão central da Ética. Mas, há condutas que são de todo reprováveis, como alguém usurpar funções, intitulando-se possuidor de habilitações profissionais e académicas que não possui. Aliás, o Código Penal português prevê, como crime, a usurpação de funções. Portanto, mesmo na política, onde quase tudo tem sido permitido, é bom que se escolham as pessoas pela sua ética e moral. Eventualmente, alguém que se intitule, engenheiro informático, falando de novas tecnologias, talvez esteja, eventualmente, mais habilitado, a falar de acessórios para obtenção de orgasmos ou de afrodisíacos, do que abordar as novas tecnologias. As mesmas podem-se enquadrar em novas tecnologias, mas com aplicações bem diversas.

“Magis adducto pomum decerpere ramo, quam decaelata sumere lance, iuvat”. [Ovídio, Ex Ponto 3.5.19] É mais agradável colher o fruto do ramo puxado que tirá-lo de um prato cinzelado.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

SÓ SE PODE FILOSOFAR DE BARRIGA CHEIA

Ao meditar, sobre a economia versus educação, parti deste princípio:
“Só se pode filosofar de barriga cheia”.
Para se alocarem recursos para a educação é fundamental que exista crescimento económico. Não se pode estar a falar de educação e de transferir meios, para esta, se a economia não os gerar. Há quem, de modo bem-intencionado, enfatize a influência positiva - a meu ver, bastante discutível - da educação sobre o crescimento económico. Poder-se-á perguntar, que apoio, a educação pode dar, para que se retome o desenvolvimento? A esta questão, direi que devemos perguntar ao contrário: "Qual é o papel que o crescimento económico pode dar no apoio à educação?"
Para que se possa realizar um projecto educacional, são necessários meios, logo, é necessário que a economia cresça e tenha desenvolvimento, de modo a criar riqueza. A economia é um meio, para se alcançar um fim, entre estes, a educação. Para que se possa filosofar ou seja, dedicar mais tempo da nossa vida, na procura de cultura, de conhecimento, criando interacção humana, de ter prazer estético e transcendência, é fundamental, que a economia prospere.
A valorização dos espaços educacionais tornou-se imprescindível para a própria sobrevivência da nossa espécie, o que nos remete a questões mais fundamentais. Não exagerando, ao longo da história, ficou demonstrado que somos uma espécie tão frágil, que nem voamos, que não somos especialmente ágeis e velozes, que não conseguimos viver em buracos, que não temos a capacidade de ver no escuro, que não somos tão fortes como pensamos. Temos necessidade de nos protegermos dos variados perigos, como seja o frio, o calor, os predadores, a necessidade de encontrar alimentos, etc. Para o fazermos, desenvolvemos a nossa racionalidade técnica. Qualquer ser humano que seja colocado na frente de um urso ou de um leão, fica impotente, diante dos mesmos e, de imediato, conclui, que não valemos nada. Se nos munirmos da técnica adequada, já os conseguimos derrotar sem grande dificuldade. Só há uma espécie que nos ameaça…nós próprios. Os humanos!
Hoje, desenvolvida a técnica, nos mais variados domínios, temos de aperfeiçoar outros valores, como sejam o diálogo, a educação, lato sensu, os acordos, os contratos, a amizade, a fraternidade, a solidariedade, a liberdade e o conhecimento. Aqui, entra o que é insubstituível… a educação e os educadores. As interacções humanas!
A educação é um direito subjectivo que deve ser promovido, não para adequar as pessoas às necessidades de um mercado, mas para alargar os horizontes de cada um.
Mas, porque somos frágeis, necessitamos de ter condições para nos protegermos e sentirmo-nos confortáveis. Mas, de igual modo, porque se entende que a educação é um direito subjectivo que tem e deve ser promovido, para alargar os horizontes de cada um de nós, é que no concelho de Oeiras, se tem apoiado, e desenvolvido, o apoio escolar, nas suas mais variadas vertentes, culminando, no momento, com a construção de mais e melhores escolas. Mas, não descurando as dificuldades económicas que o país atravessa, o concelho, continua a reforçar a sua aposta, no crescimento económico, realizando parcerias, várias, mantendo a captação de novos investidores, nas mais variadas áreas, mas, fundamentalmente, nas áreas das novas tecnologias, de modo que a economia, do concelho, possa continuar a ter um papel fundamental, de ser o meio para um fim, a educação.
“Si non est panis scold nemo enim recta” - Quando não há pão, todos ralham, ninguém tem razão

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

CARTA DO LUÍS, AGRICULTOR, AO AMIGO ZÉ

Mê querido Zé, quanto tempo!
Eu sou o Luís, tê colega de ginásio nocturno, que chegava atrasado, porque o transporte escolar da aldeia sempre tava atrasado, tás lembrado? O Luís do sapato sujo? Tinha professor e colega que nunca entenderam que eu tinha de andar a pé mais de uns quilómetros, aqui na serra, para apanhar o autocarro por isso o sapato sujava.
Se não lembraste ainda eu te ajudo. Lembras do Luís Cochilo... eh, eh, eh, era eu. Quando eu descia do autocarro de volta pra casa, já era onze e meia da noite, e com a caminhada até em casa, quando eu ia dormir já era mais de meia-noite
De madrugada mê pai precisava de ajuda pra tirar leite das vacas. Por isso eu só vivia com sono. Do Luís Cochilo, tás lembrado Zé?
Pois é. Estou pensando em mudar para viver ai na cidade que nem tu. Não que seja ruim, a aldeia aqui, até que é bom. Muito verde, passarinho, ar puro... Só que acho que estou estragando muito a tua vida e a de tês amigos ai da cidade.
Tou vendo toda a gente a falar que nós da agricultura familiar estamos destruindo o meio ambiente.
Vê só. A fazenda do pai, que agora é minha (não te contei, ele morreu e tive que parar de estudar) fica só a uma hora de distância da cidade. Todos os aldeões daqui já têm luz em casa, mas eu continuo sem ter, porque não se pode entalar os postes por dentro, por causa de uma tal licença especial que criaram.
Minha água é de um poço que mê avô cavou há muitos anos, uma maravilha, mas um home do governo veio aqui e falou que tenho que fazer uma outorga da água e pagar uma taxa de uso, mais uma taxa de disponibilidade, porque a água vai se acabar. Se ele falou deve ser verdade, não é Zé?
Pra ajudar com as vacas de leite (o pai se foi ...) contratei o Jaquim, filho de um vizinho muito pobre aqui do lado. Contrato assinado, salário mínimo, tudo direitinho como o guarda-livres mandou. Ele morava aqui comnós num quarto dos fundos de casa. Comia ca gente, que nem da família. Mas vieram umas pessoas aqui, do sindicato e do Ministério do Trabalho, elas falaram que se o Jaquim fosse tirar leite das vacas às 5 horas tinha que receber hora extra nocturna, e que não podia trabalhar nem sábado nem domingo, mas as vacas daqui não sabem os dias da semana ai não param de fazer leite. Ou os bichos aí da cidade sabem se guiar pelo calendário?
Essas pessoas ainda foram ver o quarto do Jaquim, e disseram que o beliche tava 2 cm menor do que devia. Mê Deus! Eu não sei como encumpridar uma cama, só comprando outra, não achas, Zé? O candeeiro eles disseram que não podia acender no quarto, que tem que ser luz eléctrica, que eu tenho que ter um gerador pra ter luz boa no quarto do Jaquim.
Disseram ainda que a comida que a gente fazia e comia juntos tinha que fazer parte do salário dele. Bom Zé, tive que pedir ao Jaquim pra voltar pra casa, desempregado, mas muito bem protegido pelos sindicatos, pelo fiscais e pelas leis. Mas eu acho que não deu muito certo. A semana passada me disseram que ele foi preso na cidade porque gamou um chocolate pro bolso no supermercado. Foi pra esquadra, bateram nele e não apareceu nem sindicato nem fiscal do trabalho para acudi-lo.
Depois que o Jaquim saiu, eu e Maria (lembraste dela? Casei) tiramos o leite às 5 e meia, ai eu levo o leite no tractor até a beira da estrada onde o carro da cooperativa vem todos os dias, isso se não chover. Se chover, perco o leite e dou aos porcos, ou melhor, eu dava, hoje eu deito fora.
Os porcos já se foram, pois veio outro homem e disse que a distância do chiqueiro para o riacho não podia ser só 20 metros. Disse que eu tinha que derrubar tudo e só fazer chiqueiro depois dos 30 metros de distância do rio, e ainda tinha que fazer umas coisas pra proteger o rio, um tal de digestor. Achei que ele tava certo e disse que ia fazer, mas só que eu sozinho ia demorar uns trinta dia pra fazer, mesmo assim ele ainda me multou, e pra poder pagar eu tive que vender os porcos, as madeiras e as telhas do chiqueiro, fiquei só com as vacas. O procurador disse que desta vez, por esse crime, ele não ai mandar- me prender,. Ô Zé, ai quando vocês sujam o rio também pagam multa grande?
Agora pela água do mê poço eu até posso pagar, mas tô preocupado com a água do rio. Aqui agora o rio todo deve ser como o rio da capital, todo protegido, com mata dos dois lados. As vacas agora não podem chegar no rio pra não sujar, nem fazer erosão. Tudo vai ficar limpinho como os rios ai da cidade. A pocilga já acabou as vacas não podem chegar perto. Só que alguma coisa tá errada, quando vou na capital nem vejo mata, nem rio limpo. Só vejo água fedida e lixo boiando pra todo lado, mais uns contentores por aquelas estradas fora.
Mas não é o povo da cidade que suja o rio, Zé? Quem será? Aqui nos campos agora quem sujar tem multa grande, e dá até prisão. Cortar árvore então, Nossa Senhora!. Tinha uma árvore grande ao lado de casa que murchou e tava morrendo, então resolvi derrubá-la para aproveitar a madeira antes dela cair por cima da casa.
Fui no serviço do ministério daqui pedir autorização, como não tinha ninguém, fui no Serviço da capital, preenchi uns papéis e voltei para esperar o fiscal vim fazer um laudo, para ver se depois podia autorizar. Passaram 8 meses e ninguém apareceu pra fazer o tal laudo ai eu vi que a arvore ia cair em cima da casa e derrubei. Pronto! No outro dia chegou o fiscal e me multou. Já recebi uma intimação do Procurador porque virei criminoso reincidente. Primeiro foi os porcos, e agora foi a madeira. Acho que desta vez vou ficar preso.
Tô preocupado Zé, pois no rádio deu que a nova lei vai dá multa de 500 a 20 mi euros por hectare e por dia. Calculei que se eu for multado eu perco a fazenda numa semana. Então é melhor vender, e ir morar onde toda a gente cuida da ecologia.. Vou para a cidade, ai tem luz, carro, comida, rio limpo. Olha, não quero fazer nada errado, só falei dessas coisas porque tenho certeza que a lei é pra todos.
Eu vou morar ai com vocês, Zé. Mas fica tranquilo, vou usar o dinheiro da venda da fazenda primeiro pra comprar esse tal de arca electrica. Aqui na aldeia eu tenho que ir buscarr tudo na fazenda. Primeiro a gente planta, cultiva, limpa e só depois colhe pra levar pra casa. Ai é bom é só abrir a arca que tem tudo. Nem dá trabalho, nem planta, nem semeia, nem cuida de galinha, nem porco, nem vaca é só abri a arca que a comida tá lá, prontinha, fresquinha, sem precisar de nós, os criminosos aqui do campo.
Até mais Zé.

PS: Ah, desculpa Zé, não pude mandar a carta em papel reciclado pois não existe por aqui, mas aguarda até eu vender a fazenda.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O PODER NO FEMININO

Eventualmente, para quem não tiver bom sentido autocrítico, estas linhas, que vamos escrever, não serão muito apreciadas, especialmente, pelo sexo feminino.
É costumeiro dizer-se que,” por de trás de um grande homem, está uma grande mulher”. Nos últimos anos, e porque este modo de nos exprimirmos, ficou ultrapassado, diz-se que,
“ao lado de um grande homem está uma grande mulher”.
Eu diria mais, que actualmente, também, atrás, ao lado, como quiserem, de uma grande mulher, está um grande homem.
Isto é verdade, para o bom e para o mau…porque nem sempre, as mulheres estão atrás ou ao lado de um “grande” homem, por boas razões.
Podemos encontrar “Suha Arafat”, ao lado de Yasser Arafat. Aqui como se trata de um país árabe, por tradição, pode-se afirmar que é atrás de Arafat. Outro “grande” homem é Zine el Abidine ben Ali, que tem atrás de si, outra grande mulher
“Leila Trabelsi”.
Já nas Filipinas, Ferdinand Marcos, tinha atrás de si, a não menos controversa, “Imelda Marcos”. Indo até África, começando pelo Ruanda, de triste memória, atrás de Juvenal Hayarimana, encontramos, outra “grande” mulher “Agathe Habiarimana”. Descendo um pouco, indo ao Zimbabwe, encontramos a senhora “Grace Mugabe”, mulher de Robert Mugabe.
E quem não se recorda ou no mínimo ouviu histórias sobre o Chile? Ao lado de Augusto Pinochet, tínhamos a sua mulher,
“Lucía Hiriart”.
Várias foram as primeiras damas, de um presidente ou de um ditador, que queriam mandar ou se perderam em luxos, enquanto o “seu” povo, se arrasta ou arrastava, pelos caminhos da miséria. Ao longo dos anos, estas adquiriram o poder de fazer e desfazer governos, erguer exércitos ou guardarem as chaves dos tesouros. Que “anjos”, ou as tais “muletas” que acompanharam os seus maridos, na sombra, ocupando ao fim e ao cabo, um papel importante algumas das vezes tenebroso, na sombra dos mesmos. Um dos exemplos trata-se de “Simone Gbagbo”, mulher de Laurent Gbagbo, presidente da Costa do Marfim. Esta é das pessoas que mais tem incentivado Laurent, a resistir às pressões da comunidade internacional para deixar o poder. É suspeita de violação dos direitos humanos durante a guerra civil e de ter ligações ao esquadrão da morte.
Em resumo, diria que há homens e homens, e mulheres e mulheres. Do mesmo modo que as mesmas devem estar ao lado dos homens, também devem prescindir dos privilégios antigos.
Cada vez mais, temos de falar de pessoas, deixando de as distinguir, quer pelo seu género quer por qualquer outro motivo. Há bons e maus caracteres. E, esses são qualidades ou defeitos de homens e mulheres.
Ao fim e ao cabo somos todos iguais! Às vezes é uma questão de poder!
“Mulierem barbatam eminus esse salutandam.” Mulher barbada de longe deve ser saudada.