terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

ÉTICA; MODO DE SER, CARÁCTER, COMPORTAMENTO

Ética significa modo de ser, carácter, comportamento. A filosofia procura estudar e indicar o melhor modo de viver no quotidiano e na sociedade. Diferencia-se da moral, pois enquanto esta se fundamenta na obediência a normas, tabus, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos recebidos, a ética, ao contrário, busca fundamentar o bom modo de viver pelo pensamento humano.
Na filosofia clássica, a ética não se resumia ao estudo da moral (entendida como "costume"), mas a todo o campo do conhecimento que não era abrangido na física, metafísica, estética, na lógica e nem na retórica. Assim, a ética abrangia os campos que actualmente são denominados antropologia, psicologia, sociologia, economia, pedagogia, educação física, dietética e até mesmo política, em suma, campos directa ou indirectamente ligados a maneiras de viver.
Porém, com a crescente profissionalização e especialização do conhecimento que se seguiu à revolução industrial, a maioria dos campos que eram objecto de estudo da filosofia, particularmente da ética, foram estabelecidos como disciplinas científicas independentes. Assim, é comum que actualmente a ética seja definida como "a área da filosofia que se ocupa do estudo das normas morais nas sociedades humanas", e procura explicar e justificar os costumes de um determinado agrupamento humano, bem como fornecer subsídios para a solução de seus dilemas mais comuns. Neste sentido, ética pode ser definida como a ciência que estuda a conduta humana e a moral é a qualidade desta conduta, quando julgada do ponto de vista do Bem e do Mal.
A ética também não deve ser confundida com a lei, embora com certa frequência a lei tenha como base princípios éticos. Ao contrário do que ocorre com a lei, nenhum indivíduo pode ser compelido, pelo Estado ou por outros indivíduos, a cumprir as normas éticas, nem sofrer qualquer sanção pela desobediência a estas; por outro lado, a lei pode ser omissa quanto a questões abrangidas no escopo da ética.
Hoje em dia, a maioria das profissões têm o seu próprio código de ética profissional, que é um conjunto de normas de cumprimento obrigatório, derivadas da ética, e que por ser um código escrito e frequentemente incorporados à lei pública não deveria chamar –se de "código de ética" e sim "Legislação da Profissão". Nesses casos, os princípios éticos passam a ter força de lei; note-se que, mesmo nos casos em que esses códigos não estão incorporados à lei, o seu estudo tem alta probabilidade de exercer influência, por exemplo, em julgamentos nos quais se discutam factos relativos à conduta profissional. Ademais, o seu não cumprimento pode resultar em sanções executadas pela sociedade profissional, como censura pública e suspensão temporária ou definitiva do direito de exercer a profissão, situações, essas, algumas vezes revertidas pela justiça comum, principalmente quando os "códigos de ética" de certas profissões apresentam viés que contraria a lei ordinária. Mas de nada vale, sancionar aqueles que se arvoram de possuírem habilitações académicas e profissionais que não existem…logo, não se encontram abrangidos pelos “códigos de ética” profissionais, mas, sim, pelo código penal. Quando prestam falsas declarações e exerçam funções para a qual não possuem título, oficialmente obtido, para o exercício dessas mesmas funções.
O homem vive em sociedade, convive com outros homens e, portanto, cabe-lhe pensar e responder à seguinte pergunta: “Como devo agir perante os outros?”. Trata-se de uma pergunta fácil de ser formulada, mas difícil de ser respondida. Ora, esta é a questão central da Ética. Mas, há condutas que são de todo reprováveis, como alguém usurpar funções, intitulando-se possuidor de habilitações profissionais e académicas que não possui. Aliás, o Código Penal português prevê, como crime, a usurpação de funções. Portanto, mesmo na política, onde quase tudo tem sido permitido, é bom que se escolham as pessoas pela sua ética e moral. Eventualmente, alguém que se intitule, engenheiro informático, falando de novas tecnologias, talvez esteja, eventualmente, mais habilitado, a falar de acessórios para obtenção de orgasmos ou de afrodisíacos, do que abordar as novas tecnologias. As mesmas podem-se enquadrar em novas tecnologias, mas com aplicações bem diversas.

“Magis adducto pomum decerpere ramo, quam decaelata sumere lance, iuvat”. [Ovídio, Ex Ponto 3.5.19] É mais agradável colher o fruto do ramo puxado que tirá-lo de um prato cinzelado.

1 comentário:

Emanoel Costa disse...

Pode-se conceituar a ética como a eleição de condutas socialmente desejáveis porque úteis e agradáveis ao ser e ao seu entorno (familiar, social e nacional - aqui pode-se incluir visão mais ampla = entorno humano, da humanidade a que pertencemos. Regra prática foi dada há mais de 2.000 anos: não faça a ninguém o que você não gostaria que alguém lhe fizesse.